quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Livre arbítrio: ele realmente existe?


(Este artigo provavelmente será revisado, visto que o autor mudou um pouco sua constatação sobre este assunto)

Um dos pontos polêmicos das discussões religiosas e filosóficas é acerca do livre arbítrio. Afinal, ele existe? Como funciona?

Vou logo adiantando que este texto destina-se a defender a idéia de livre-arbítrio cristã, só que com pontos de vista meus. É óbvio que eu não sou o dono da razão em relação à nada, muito menos em relação a isso, então discordâncias eventualmente surgirão.

Primeiramente, as pessoas possuem um conceito errôneo do livre arbítrio defendido pelo Cristianismo. E não me refiro apenas a pessoas não-cristãs: até mesmo alguns cristãos não sabem totalmente acerca do conceito e quando ele se aplica. Pois o livre arbítrio existe, mas ele não é absoluto. Em outras palavras, nem sempre você tem livre arbítrio!

"Como é que é??? Quer dizer que há momentos da minha vida que eu não escolho que caminho seguir?? Onde foi parar minha liberdade de decidir que caminho vou seguir???" - talvez alguém reclame acerca disso. Como eu mencionei antes, o livre arbítrio nem sempre é aplicável nas pessoas. Vou explicar isso depois de conceituar o próprio livre arbítrio:

Livre arbítrio nada mais é do que a capacidade que uma pessoa tem de escolher o que ela quer fazer. Por exemplo, quando ela escolhe virar à esquerda, em vez de virar à direita, quando ela decide comer feijão com arroz no almoço, e assim por diante. Ou seja, o livre arbítrio é algo muito comum na vida das pessoas.

Porém existem pessoas que não acreditam no livre arbítrio. Um deles foi o famoso psicanalista Sigmund Freud. Ele defendia que as pessoas não realmente decidiam fazer as coisas: elas eram sempre oriundas de influências de seu sub-consciente... Apesar de Freud realmente ter revolucionado o mundo com suas teorias, isto não quer dizer que ele esteja correto em sua totalidade. Livre arbítrio existe e é o que pretendo mostrar aqui.

Como eu mostrei acima, é extremamente óbvio que tomamos decisões todos os dias, tanto em coisas triviais como em coisas mais complexas. E muitas destas decisões se baseiam em caprichos e preferências nossas, o que mostra a relação entre a vontade e a ação. Além disso, demonstra a responsabilidade que cada pessoa tem pelos seus atos, o que é resultado da existência do livre arbítrio. Se o livre arbítrio não existisse, não teria como condenar ninguém por algum crime, pois a pessoa não tinha livre arbítrio e não escolheu cometer o crime. Ou seja, livre arbítrio existe!

O cristianismo reforça isso. A Bíblia diz que Jesus:

11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

João 1:11-12

"Seu" se refere aos judeus, que eram o povo escolhido de Deus. Como estes (os judeus) optaram (veja o livre arbítrio) em não receber Jesus, então Jesus permitiu que qualquer um que quisesse fosse feito filho de Deus. Bastava crer Nele (em Jesus). Ou seja, uma mera questão de decisão.

Falei acerca disso pois existem os defensores da predestinação, que dizem que Deus escolheu as pessoas que iriam aceitá-lo antes mesmo que elas O "aceitassem", eliminando das pessoas o livre arbítrio de escolher se querem seguir a Cristo ou não. Deus sabe de todas as coisas, por isso Ele sabe que pessoas OPTARÃO por escolhê-lo. Mas Deus não forçou nenhuma destas pessoas: elas o escolherão por livre e expontânea vontade, caracterizando o livre arbítrio.

Ou seja, as pessoas possuem livre arbítrio em suas escolhas cotidianas e em suas escolhas acerca de quem irão seguir: a Jesus ou algum outro. Mas ainda não cheguei na parte aonde o livre arbítrio desaparece (pelo menos, em parte): sim, há esta parte!

Quando alguém decide seguir a Cristo, ela entrega sua vida para Ele. Desta forma, ela está deixando que Deus decida por ela acerca do que ela irá fazer pra sua vida (obviamente escolhas mais triviais, como que marca de pasta de dente utilizar, ainda são de espontânea vontade), pois Deus sabe o que é melhor para ela. Desta forma, a pessoa renunciou ao seu livre arbítrio e o entregou nas mãos de Deus. Ou seja, qualquer um que queira seguir a Cristo deve abdicar, essencialmente, de seu livre arbítrio. Porém, mesmo para isso, ele se utilizou de livre arbítrio antes (pois escolheu seguir a Cristo)! Neste caso, você ainda tem livre arbítrio, mas renuncia a ele, vivendo como se não o tivesse. Mas, a medida que você se torna mais próximo a Jesus, seu livre arbítrio diminui, pois você passa a atentar mais ainda para a vontade de Deus. Isto não é um problema, pois a vontade de Deus sempre é a melhor para nós e, à medida que nos aproximamos Dele, nós, de boa vontade, fazemos o que Ele nos manda.

"Ah, então quer dizer que os crentes não tem livre arbítrio? Então prefiro ser 'do mundo' e continuar com meu livre arbítrio" - talvez alguém fale algo do tipo. Porém, lembre-se do que eu disse antes: as pessoas escolhem seguir a Jesus ou a alguma outra pessoa/coisa. Quando decidem por seguir a Cristo, abdicam de seu livre arbítrio. Se decidem não seguí-Lo, elas terão que seguir alguma outra coisa, tais como: outros "deuses", pessoas, ideologias diferentes. Fazendo isto, esta pessoa também chega a um ponto aonde perde seu livre arbítrio!

"Opa! Como assim???" - se uma pessoa recusa ao convite de Cristo, ela não recebe o perdão pelos seus pecados (pois não o quis). Desta forma, aos poucos, ela vira escravo dos seus próprios pecados. Por mais que ela afirme ter liberdade de escolha, o vício pecaminoso acaba sendo mais forte do que ela e a escraviza. Com isto, temos pessoas que pecam constantemente na área sexual (e não conseguem resistir), são viciadas em jogos de azar, bebida ou qualquer outra coisa que, em excesso, a prejudique, etc. Como a Bíblia diz que "um abismo chama outro abismo", a pessoa, cada dia mais, irá ficar presa em seus pecados. Isto também lhe tira livre arbítrio, em aspectos gerais, já que a pessoa se torna impotente e, mesmo que ela anseie por se livrar destes atos, não consegue fazê-lo sozinha...

"Tá, você disse que quando as pessoas recusam a Cristo, com o tempo viram escravos de seus pecados e perdem o livre arbítrio. Ou seja, elas não podem mais mudar de lado, já que não tem mais controle sobre si mesmas, certo?" - não necessariamente. É certo que muitas pessoas são presas pelo pecado, mas isto não quer dizer que não possam ser resgatadas dele. É aqui que Jesus entra: Ele é capaz de dar forças para que a pessoa possa, por um instante, sair desta escravidão e optar por serví-lo. Assim, ela recupera o seu livre-arbítrio e o concede à única pessoa que realmente irá cuidar dele: Jesus. Ou seja, de qualquer forma, uma pessoa tende a perder seus livre arbítrio. Mas, como deu pra perceber, isso não é necessariamente ruim: depende pra QUEM você deu seu livre arbítrio!

"Mas e as pessoas que aceitaram a Jesus e eventualmente se desviam? Elas não tinham entregado seu livre arbítrio para Jesus? Como poderiam recuperar ele e "se desviar" pro outro lado?" - bom, como se pode perceber, com influência externa (Jesus, tanto direta como indiretamente), as pessoas podem recuperar seu livre arbítrio e optar por sair de uma vida de pecados. Ou seja, mesmo que uma pessoa seja cristã convicta, ela precisa constantemente vigiar para que não seja influenciada pelo ambiente ou por outras pessoas, influências estas que podem fazer esta pessoa recuperar o livre arbítrio e optar por não entregá-lo mais à Deus.... Afinal, quanto menos próximo de Deus, menos de seu livre arbítrio a pessoa entregou a Ele, o que faz com que seja mais fácil se desviar.

Resumindo, constatamos que o livre arbítrio, para decisões pessoais, referentes à caprichos e gostos pessoais, costuma sempre existir. Nós escolhemos livremente se queremos comer arroz branco ou de leite; se queremos ser advogados ou professores. Já o livre arbítrio referente a como conduzimos nossa vida existe, de forma geral, apenas quando nos encontramos na situação de decidir se estamos do lado de Jesus ou não. Seja qual for o lado que escolhermos, ele irá adquirir nosso livre arbítrio, com o passar do tempo, e irá influenciar o modo como conduzimos nossa vida. Ou seja, a questão é você saber escolher para quem você quer entregar suas vontades: para Jesus, que te ama e quer te guiar para uma vida de paz e felicidade, ou para o mundo, que irá satisfazer suas necessidades, inicialmente, mas irá escravizá-lo e prender você em seus pecados? Você decide.

Ou seja, aproxime-se mais de Deus e você deixará o livre arbítrio, cada dia mais, para fazer a vontade de Deus. Do contrário, afaste-se de Deus e você ficará cada dia mais envolvido em seus pecados, até que estes passem a exercer controle sobre você e escravizem você.

Pra terminar, voltando à Sigmund Freud, vejam este poema, cuja autoria é desconhecida. É uma pequena crítica ao pensamento dele de que não existe livre arbítrio:

Determinismo Revisitado

"Fui ao meu psiquiatra - para ser psicanalizado
Esperando que ele pudesse me dizer por que esmurrei ambos os
olhos do meu amor.
Ele me fez deitar em seu sofá para ver o que poderia descobrir
E eis o que ele pescou do meu subconsciente:
Quando eu tinha um ano mamãe trancou minha bonequinha
no baú
E por isso é natural que eu esteja sempre bêbada.
Um dia, quando eu tinha dois anos, vi papai beijar a
empregada
E por isso eu sofro de cleptomania.
Quando eu tinha três anos senti amor e ódio por meus irmãos
E é exatamente por isso que espanco todos os meus amantes!
Agora estou tão feliz por ter aprendido essas lições que me foram
ensinadas
De que tudo que faço de errado é culpa de alguém!
Que tenho vontade de gritar: viva Sigmund Freud!"
Abraços e até a próxima! Deus te abençoe! ;)

Nenhum comentário: