quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O que faria você acreditar que Deus existe?

Uma das perguntas que mais percorre diversos debates pelo mundo é sobre a existência de Deus. "Deus existe?", "Existe apenas um deus? Ou vários?", "Ele é pessoal ou ele é a própria natureza?" são questões que costumam ser levantadas. Minha intenção com este meu texto não é de afirmar categoricamente a minha visão acerca da existência de Deus. Sim, eu acredito em um único Deus, pessoal, onisciente, onipresente e onipotente. Mas minha intenção não é prová-Lo aqui, muito menos tentar impor esta crença a quem quer que seja. Deus nos concedeu o livre arbítrio, o qual deve ser respeitado, independente das circunstâncias (apesar deste livre arbítrio não ser exatamente como muitos pregam. Inclusive, eu provavelmente postarei um texto sobre isso em outra oportunidade). Ou seja, não vou forçar a barra aqui.

A questão que quero levantar está no título: "O que faria você acreditar que Deus existe?" Veja bem, já me defrontei com diversas objeções sobre a existência de Deus, e não pretendo abordar elas aqui. Porém, há uma interessante que eu quero abordar. Muitas pessoas frequentemente falam algo do tipo:

"Eu só acredito em Deus se acontecer algo que me convença disso."

Obviamente, a afirmação não se apresenta rigidamente desta forma, mas a lógica dela é esta: as pessoas querem algo palpável, visível, concreto que mostre a elas que Deus realmente existe. Tipo, como eu provar pra alguém que eu sei nadar, mergulhando em um lago na frente de todo mundo e nadando...

O que dizer acerca disso? Estas pessoas estão erradas em querer isso? A princípio, não. É uma característica natural dos seres humanos quererem provas visuais para acreditarem em algo. Nós, seres humanos limitados aos nossos 5 sentidos (visão, olfato, audição, tato e paladar), queremos que esta coisa seja sentida pelos nosso sentidos, especialmente a visão, a qual seria a mais confiável. Além disso, é perfeitamente viável procurar evidências concretas, pois há milhões de charlatões por aí e você não vai acreditar em todos eles, né?

Só que há um problema com esta asserção: que tipo de coisa deveria acontecer para que uma pessoa cética pudesse, pelo menos, rever seus próprios conceitos? O que ele teria que ver ou ouvir que iria fazer ele pensar algo do tipo: "Poxa, esta experiência não faz sentido de acordo com meu ponto de vista, mas ela aconteceu! Tem que haver uma explicação além daquilo que eu sempre acreditei!". Veja que eu não estou presumindo que o cético vai chegar, ter a experiência e converter-se instantanemante! O que eu gostaria de saber é o que faria ele, pelo menos, repensar seus conceitos e passar a considerar o teísmo como algo mais passível de ser verdade, e não um mero conto de fadas, como muitos por aí pensam...

Enfim, para tentar desvendar isso, enumerarei coisas que nós, humanos, costumamos associar a provas concretas:

1) Percepção da experiência a partir de nossos 5 sentidos (principalmente a visão);
2) Sequência lógica de fatos, com premissas corretas e coerentes, que embasem perfeitamente bem o que está se tentando provar;
3) Relatos de pessoas com histórico confiável, que embasem o que está se tentando provar.

Pode haver mais coisas, mas estas são as principais, pelo que eu sei (e lembro).

Enfim, pelos 3 tópicos que eu abordei acima, temos 3 tipos de evidências:

experimental (número 1), lógica (número 2) e pública (número 3).

Se há mais tipos de evidências, não creio que sejam tão utilizadas quanto estas 3.

Certo, vamos ver um por um: a evidência experimental é capciosa, pois nem tudo o que nossos sentidos percebem é, de fato, uma percepção válida. Há diversos fatores que podem alterar nossa capacidade de percepção, como exaustão, drogas e alucinações. Sem contar as falsas percepções, oriundas de truques, quando você pensa, por exemplo, que o mágico fez a assistente desaperecer, quando, na verdade, não passa de um truque simples! Ele faz você perceber algo que está fora da realidade, mas que é convincente o suficiente para fazer alguém acreditar!

A segunda evidência é a lógica. A lógica, em si, é única, exceto por algumas correntes alternativas, mas o modo como se utiliza ela pode divergir. Tendo as premissas (afirmações supondo determinada coisa ou fato) certas, você consegue "provar" desde coisas coerentes até grandes absurdos! Veja um exemplo:

Premissa 1: Eu moro em Natal
Premissa 2: Todos os moradores de Natal são vegetarianos
Conclusão: Logo, eu sou vegetariano.

A lógica é empregada corretamente, mas a conclusão "prova" um erro, pois a premissa 2 está errada: nem todos os moradores de Natal são vegetarianos! Eu mesmo sou um exemplo disso, pois detesto verduras! Com isso, veja como a lógica pode provar qualquer coisa, desde que você utilize as premissas "certas"..

Como há muita coisa ainda a ser descoberta e provada no mundo, não conseguimos definir muitas premissas como verdadeiras para serem utilizadas para provar outras coisas! Por exemplo: a premissa "O mundo foi criado por Deus" não tem valor definido, já que não há como provar isso logicamente (apesar de eu crer nisso). Por isso, uma discussão que use esta premissa tem conclusão indefinida! Ou seja, a lógica também não resolve tudo!

Por último, a evidência pública também é imperfeita, pois se baseia nos testemunhos de outras pessoas. E as pessoas, por mais confiáveis que sejam, podem vir a se enganar ou mentir! O que garante que tudo o que se diz a você é verdade? Nada, realmente. Você acaba confiando, pelo histórico de relações que você tem com estas pessoas, mas nada realmente garante que elas sempre dirão a verdade. Porém, nós confiamos. Mas o que vemos aqui é que não se pode usar isto como prova concreta!

Enfim, enrolei bastante falando de tudo isso, agora voltemos à pergunta: O que faria você acreditar que Deus existe? Nenhum daqueles tipos de evidências consegue provar 100% a respeito de coisas concretas do mundo material, quanto mais algo abstrato como a crença em Deus! Vejamos uma série de possibilidades que alguém poderia citar como eventual evidência da existência de Deus:

1) "Eu preciso ter uma experiência incrível para acreditar em Deus! Ele deve aparecer a mim em uma luz brilhante e deve falar comigo, dizendo que é Deus!" - não nego que isto possa acontecer, em relação à minha crença, MAS não estou debatendo isto; estou vendo a plausibilidade das evidências que alguém pediria para provar Deus. Como eu disse, a percepção nos prega peças. Você poderia até ter esta experiência: ou pensar que a teve! Vai que você estava num deserto, morrendo de fome, aí você viu uma miragem e ouviu vozes: isto é possível. Muitas vezes ouvimos coisas porque queremos ouvir aquilo, e não porque, de fato, ouvimos aquilo. Além disso, supondo que havia realmente uma luz e uma voz, o que garante que não eram efeitos especiais de algum pilantra que estava tentando enganar você e a muitos? Não tem como garantir...

2) "Eu quero que me dêem um argumento totalmente coerente e irrefutável logicamente, para que eu acredite em Deus!" - agora temos o problema lógico... Vimos antes que, com as premissas certas, podemos provar qualquer coisa, o que torna este método duvidoso, se não conhecemos as premissas.. Sem contar que há muitas premissas que possuem valor indefinido, já que ainda não sabemos com certeza a veracidade ou falsidade delas, do ponto de vista lógico. Ou seja, isto também não iria adiantar, pois alguém poderia lançar dúvidas sobre o suposto argumento e derrubá-lo (o que não significa que a conclusão era mentirosa, apenas indica que o argumento estava errado). Temos debates que fazem isso o tempo todo! Logo, isso também não garante nada...

3) "Eu confio nos cientistas! Se os melhores e mais confiáveis cientistas me disserem que Deus existe, eu acreditarei" - eu sei que forcei a barra com esta, mas é só pra dar um exemplo quanto à evidência pública. Porém, eu fiz isso de propósito: afinal, há muita gente por aí que segue os cientistas cegamente! Não estou desmerecendo a Ciência: ela é esforçada e constantemente está em busca da verdade científica das coisas. Mas, convenhamos, tem muita gente que acredita na Ciência por pura ignorância, e não duvido que haja cientistas se aproveitando disso! Quer ver um exemplo prático? Vou passar a vocês um conhecimento meu:

"As linguagens de programação são sequências de instruções usadas para se criar os programas de computador. Existem muitas linguagens de programação, dentre as quais temos a linguagem Java, uma das mais utilizadas na atualidade! Ela possui uma quantidade enorme de instruções que você pode utilizar, dentre as quais temos o "System.out.println()", a qual exibe uma sequência de caracteres na tela, à escolha do usuário. Esta instrução funciona assim: ela pega cada letra da sentença que se deseja mostrar na tela, transforma em seu correspondente numérico, soma todos estes números e guarda em uma região da memória. Aí, depois que faz isso, as letras são unidas na tela, uma de cada vez, formando a palavra e aquele número é registrado em um arquivo chamado Win32.dll"

Viajou? Ótimo, esta era a intenção. Se você for como a maioria das pessoas - um usuário básico de computador - você provavelmente deve ter se atrapalhado em entender muitas coisas aqui. Isso não tem nada de mais: cada pessoa tem suas qualificações e não são todos que entendem de programação. Ou seja, é provável que você tenha aceitado cada coisa que eu escrevi aí, mesmo que não tenha entendido bulhufas ou tenha achado estranho...

Mas e se eu te confessar que eu menti ali? "Opa, seu mentiroso! Eu vou te pegar!".. Calma aí, isso foi proposital e vou te explicar o porquê. Mas, primeiro, vou mostrar aonde eu propositalmente menti:

"Esta instrução funciona assim: ela pega cada letra da sentença que se deseja mostrar na tela, transforma em seu correspondente numérico, soma todos estes números e guarda em uma região da memória. Aí, depois que faz isso, as letras são unidas na tela, uma de cada vez, formando a palavra e aquele número é registrado em um arquivo chamado Win32.dll"

Não há nada disso no processo para que a tela exiba a sentença que você pediu que fizesse. Eu inventei tudo isso, mas coloquei de tal forma que muitos, que não entendem do assunto, vão acabar acreditando em mim! Ou seja, é fácil enganar as pessoas quando você fala de algo que elas sabem pouco e, pior, quando este conhecimento não é tão acessível..

Agora, imagine um cientista explicando sobre átomos! Muitas pessoas entendem pouco sobre isso, e as explicações que os cientistas dão costumam ser científicas demais, fora da linguagem popular. Ou seja, muita gente viaja ao entender eles. Fazendo um paralelo ao meu exemplo acima, é extremamente fácil que um cientista mal caráter aproveite-se disso pra distorcer idéias e divulgar conhecimentos falsos! E o povo, leigo, vai ter que acreditar!

Dependendo do que tiver sido falsificado, a comunidade científica pode demorar muito tempo para descobrir o erro. Até lá, muita gente já foi enganada e adequou suas opiniões ao ensinamento falso. Devo deixar bem claro que eu NÃO estou dizendo que a Ciência é falsa, nem que ela costuma fazer isso! Meu ponto é: não há plenas garantias de que tudo o que os cientistas dizem é verdade, se este for seu único sustentáculo para acreditar em algo...

"Ah, aonde você quer chegar com tudo isso?". É bem simples. Eu sei que o texto enrolou demais pra chegar aqui, mas agora vem o desfecho: não adianta esperar provas concretas sobre qualquer coisa, porque SEMPRE haverá razões para não acreditar nelas! SEMPRE! Mesmo que sejam razões improváveis, mas são possíveis! A premissa pode estar imperfeita (ou errada), o cientista (ou outra pessoa de confiança) pode estar mentindo ou pode estar enganado, a sua mente pode pregar peças em você... Enfim, não dá!

Então, o que fazer? Temos que estabelecer um limite para todo este ceticismo, pois, como você pôde ver, não dá pra acreditar em NADA se você for totalmente cético! Ou seja, a fé é importante para o processo! Não importa se ainda há objeções, não importa se não foi totalmente convincente: assuma uma posição e tenha fé nela! Ou seja, se você teve algo diferente, que TALVEZ pudesse ser associado a Deus, por exemplo, não saia simplesmente negando e colocando obstáculos, pois você irá andar em círculos assim! Em vez disso, procure dar o benefício da dúvida e procure investigar melhor isso, humildemente. Então, quem sabe você não acaba descobrindo que Deus existe?

Paz e obrigado pela paciência! ;)

3 comentários:

Anônimo disse...

Amado de Deus, fiquei maravilhada com os estudos aqui, expostos por ti. Deus abençoe e te use cada vez mais na explanação de assuntos importantes sobre a palavra de Deus. Abraços!

pr gilberto disse...

li um comentário teu acerca do arrebatamento de elias, o qual você afirmava que o profeta Elias não foi arrebatado, porisso não teria escrito uma carta a jeorão, filho de jeosafá. Acontece que segundo a biblia, o arrebatamento do profeta Elias, aconteceu depois da morte de acabe e de Jeosafá, quando jeorão já havia começado o seu reinado( 2 cronicas 21.1-11/motivo da carta= versiculos de 12-14 a carta). compara com (I reis 22.41,42,50). como vemos foi no reinado de jeorão que elias foi arrebatado; portanto está certo a carta de elias a jeorão, antes do seu arrebatamento. espero ter ajudado.abs

Walter Luís de Azevedo Sabino disse...

Pastor Gilberto (possivelmente o senhor nem vai ler meu comentário, já que vai muito tempo que mandou seu comentário, mas td bem), sinceramente fiquei confuso agora em relação a isso. Já não sei mais se estou certo ou errado quanto a Elias não ter sido arrebatado. A linha do tempo agora ficou confusa pra mim, então vou me informar melhor sobre isso.. Obrigado pelo toque! :)